Um cão esperto
Acordei um dia destes a pensar no futuro, depois o meu dono veio para pé de mim e disse:
- A minha mãe vai vender-te á cidade…
De súbito fui para a sala e fiquei a olhar para ela, não percebi porque me queria vender, ainda ontem vieram
para casa com sacos e neles vinham roupas novas, lembro-me disso porque meti o focinho lá dentro para ver
se era ração.
Talvez eu tenha feito alguma coisa de mal, talvez eles já não gostem de mim, mas porque.
Depois pensei que se eles não ficam comigo também ninguém fica, corri até não ver ninguém, estava perdido
mas uma coisa é certa ninguém ficará comigo a não ser eles.
Eu sabia que eles iam ligar ao canil para me irem buscar, buscar pois foi ai que eles me tinham ido, mas
não desisti. Continuai a correr até chegar ao pé de um restaurante, fui as traseiras e meti-me a procura de
comida, não havia muita coisa até chegar um empregado e assim fiquei mesmo sem nada, mandou-me
embora como se fo-se uma ratazana, mandou-me paus de vassoura, pratos, copos, cadeiras até uma
mesa velha que estava a servir par me enbulheirar para meter a cabeça no lixo.
Ao passar num bairro muito escuro, vi uma tigela de água no chão e não hesitei, bebi e bebi tanta água que
cai para o lado a dormir.
Quando estava a dormir sonhei que nada se tinha passado, que o meu dono ainda estava comigo e que não
tinha de fugir, mas eu sabia que não passava de um sonho, que na vida real as coisas eram doutro modo e que
provalvelmente nunca iria voltar.
Depois acordei e vi que não estava em casa na minha casota cheia de trapos velhos, mas era a minha casota e
sabia que minguem a podia tirar era minha por direito.
Tinha tanta vontade de ir ver o meu dono, a minha tentação não resistiu e lá fui eu para o meu lar, rua por rua,
não percebi o que estava a fazer mas deu-me tanta vontade que lá fui.
Quando lá cheguei não havia forma de entrar, por isso tive de ir por uma passagem secreta que ando a construir a
seis meses, que vai dar asseso á cozinha mas ainda não estava acabada mas faltava pouco.
Dois dias depois, consegui acabar de escavar e entrei em casa, a mãe do seu dono estava no jardim a regar
as plantas, não esperei mais e fui lá para cima onde se encontrava o meu dono, ele estava na cama a chorar e a
gritar:
- Quero o meu cão de volta…
E foi ai que eu entrai, ele não disse nada pois a sua mãe estava a subir as escadas desconfiada, eu fui para
de baixo da cama, enquanto o meu dono estava a fingir ler um livro, entretanto chega a sua mãe e diz:
- Já paraste com as birras, aquele cão não volta para casa nunca!
O meu dono não era burro, pelo contrario ele era bem esperto, fingiu chorar para a sua mae não desconfiar,
ainda por mais foi mal educado para parecer mais real, e respondeu agressivamente:
- Não sabes nada, de cães foi por isso que fizeste aquilo…
E a mãe baixinho respondeu com ar de sabedoria:
- Não sabes nada da vida, mas hás de aprender.
Depois da a sua mãe descer as escadas e perparar o almoço, sai da cama e fui mimado por todos os lados.
A sua mãe já estava desconfiada mas não se emportava desde que ele estivese calado era tudo o que a sua
mãe persisava.
Fique uns tempos lá em cima, mas depois não percibi porque é que o meu dono se tinha levantado, perparou
uma mochilha e saiu pela janela, levando-me com ele.
Fomos para casa de um amigo dele, ele ficaram a jogar futebol, e eu fiquei a comer uns restos, que tinham
metido numa taça muito bonita e acolidora.
A mãe do amigo do meu dono, pesava que ele estava ali de férias, mas que depois do fim-de-semana ele
tinha de voltar para casa, pois as aulas começavam na segunda-feira.
Domingo o meu dono não sabia o que ia fazer, depois fomos para debaixo de uma ponte, na mochila o meu
dono tinha umas latas de ração que bem chegava, latas de atum, sumos, leite e bolhachas.
Tambem tinha cobertores, mantas e uma manta para que eu não dormisse ao frio.
O meu dono estava muito preocupado pois sabia que mais cedo ou mais tarde, a sua mãe ia descobrir que
as almofadas que tinha posto na cama não eram ele, e que ia fazer tudo para que a policia o apanhace, a sua
mãe tnha um amigo que era policia e que lhe devia um favor, pois tinha salvo uma mulher que se queria suicidar,
e a partir dai a policia da zona ficou a deverlhes um favor.
O meu dono trou-se umas poupanças que guardará desde pequeno para comprar uma bicicleta nova, foi a uma
loja para comprar comida, e na verdade não correu muito bem, um policia ou como o meu dono diz, um “bafia”,
tentou apanar-me, mas não conseguiu, mandei uma partelheira abaixo, enquanto o meu dono fugia fui a cozinha
para ele passar, depois dei a volta e fui dar com ele encostado a um caixote do lixo, ele carreu para mim e eu para
ele, ele estava tão assustado que começou a chorar e a abraçar-me.
Acordamos ainda muito cedo, estava muito frio, estava a dormir ao pé do meu dono, quando ele acordou,
abraçou-me e disse a chorar:
- Desculpa… eu não queria… mas é o melhor.
Amarrou uma corda ao poste e á minha colheira e foi-se embora, na primeira coisa em que pensei foi
que ele me quissese abandonar e que ia dizer onde eu estava á sua mãe, mas depois lembrei-me que ele
tinha deixado comida e que talvez ele não me pudesse sustentar, mas não foi o que aconteceu, ele foi outra
vez á loja para comprar uma bicicleta com um carrinho de mão para me levar, para irmos para um sitio bem
lonje de casa.
Não me queria levar, porque da ultima vez que fomos a uma loja, não correu muito bem.
O meu dono tinha 16 anos e já sabia cuidar de sí, foi ai que deixamos a cidade e que fomos viver
livermente e em paz.
No inicio não foi facil viver sozinho, sem dinheiro, mas depois o meu dono viu um anucio no jornal, e
que pelo menos já chegava para sustentar um rapaz que com os anos já tinha 25 anos e eu que tambem
não era propiamente novo.
E assim fico a viver com o meu dono, com a paz, a liberdade e ainda e mais importante o amorde um amigo.